23 junho 2012

FRANCO ASSUME PRESIDÊNCIA DO PARAGUAI E RESPONDE A ACUSAÇÕES DE GOLPE

Vice-presidente assumiu cargo apenas uma hora e meia após o julgamento de impeachment que cassou o então presidente Lugo.


O novo Presidente paraguaio, Federico Franco, junto dos novos ministros de Relações Exteriores, José Félix Fernández, e do Interior, Carmelo Caballero, durante una conferência de imprensa no Palácio do Governo

Federico Franco, vice-presidente de Fernando Lugo, assumiu nesta sexta-feira (22/06) a Presidência do Paraguai em uma sessão conjunta do Legislativo realizada apenas uma hora e meia após o julgamento de impeachment que cassou o então presidente.

O político, filiado ao Partido Liberal Autêntico Radical de viés conservador, realizou discurso perante os parlamentares no qual garantiu a vigência de princípios democráticos respondendo às acusações de que o processo contra Lugo se tratou de um golpe. “A transição é realizada dentro da ordem constitucional”, afirmou ele.

O novo presidente também garantiu aos governos latino-americanos que "manterá o respeito irrestrito à Constituição e as leis e aos tratados e acordos internacionais, assim como ao cumprimento das obrigações internacionais". 

Em seu discurso, Franco continuou com a tática da oposição de utilizar as mortes em Curuguaty para legitimar o golpe contra Lugo. O político, que sempre entrou em choque com os movimentos sociais de esquerda ligados ao antigo presidente, exigiu justiça pelas mortes dos camponeses sem-terra. 

O novo presidente se direcionou, em seguida, ao Palácio do Governo para ocupar seu novo escritório, onde anunciou sua equipe ministerial que terá integrantes de todas as legendas que apoiaram o impeachment. 

Em sua primeira entrevista coletiva, Franco procurou endereçar os problemas com os líderes vizinhos que não reconheceram seu governo como legítimo. Ele pediu que os governantes "entendem" a situação criada em seu país e aceitem que fará "o maior dos esforços para que isto se normalize".


A situação do Paraguai será discutida na reunião da Cúpula do Mercosul, a se realizar nesta próxima terça-feira (26/06), e na Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que está analisando o caso desde quinta-feira (21/06). Em nota nesta sexta-feira (22/06) à tarde, a Unasul afirmou que o impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo é uma “ameaça à ruptura da ordem democrática, ao não respeitar o devido processo”.

O processo de impeachment contra Lugo deverá ser avaliado por ambas as organizações por meio da clausula democrática que estabelece o dever de manter a ordem democrática nos países membros. 

O presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou o impeachment de "golpe ilegítimo" e disse que não reconhecerá nenhum outro presidente do Paraguai que não seja Lugo. A presidente argentina, Cristina Kirchner, também nomeou o processo de “golpe de Estado”. "É um ataque definitivo às instituições que reedita situações que acreditávamos absolutamente superadas na América do Sul e na região, em geral", afirmou ela. “A Argentina não vai convalidar [o impeachment].”

O líder venezuelano, Hugo Chávez, classificou o impeachment como uma “farsa” e afirmou que não irá reconhecer o governo de Franco. “O governo venezuelano não reconhece esse ilegal e ilegítimo governo que se instalou em Assunção”, disse ele. A presidente do Brasil, Dilma Roussef, inicialmente manteve o tom de seus colegas sul-americanos, mas depois, moderou "não está decidido nem foi inteiramente discutido" o que fazer diante da questão paraguaia. "E não cabe fazer ameaças neste momento, pois não contribui para a busca de uma solução".

Histórico

Franco assumiu a vice-presidência de Lugo para selar a aliança entre seu partido de viés conservador, o Partido Liberal Radical Autêntico, e a coalizão de centro-esquerda (Aliança Patriótica para a Mudança), que apoiava o antigo presidente.

Desde 2008 quando tomou posse, em diversas ocasiões, Franco discordou da política progressista do antigo presidente e entrou em conflito com diversos movimentos sociais de esquerda. O político, vinculado às elites paraguaias, assumiu posição contrária ao governo de Hugo Chavez, barrando a entrada da Venezuela no Mercosul. 


Extraído do sítio Opera Mundi

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