08 junho 2012

PARIS QUER "RESPOSTAS URGENTES" À CRISE ANTES DE FALAR DE UNIÃO POLÍTICA DA EUROPA

Ian Langsdon, EPA
A França pretende que sejam dadas “respostas urgentes” à crise europeia e só depois aceita discutir o aprofundamento da união política. Respondendo às posições de Angela Merkel sobre a matéria, o ministro francês dos Assuntos Europeus disse que “a prioridade não é colocar em marcha uma nova reforma institucional”, um ano e meio depois da entrada em vigor do tratado de Lisboa. A chanceler Alemã tinha defendido na véspera um fortalecimento gradual da união política e fiscal no seio da União Europeia como sendo o melhor caminho para ultrapassar a crise.

“A França é a favor de um aprofundamento” da Europa política, disse o ministro Bernard Cazeneuve, mas “a reforma institucional não pode vir antes das respostas urgentes que são exigidas pela crise”.

O reforço da integração política na Europa “não pode ser encarado sem a adesão dos povos, e essa adesão será impossível enquanto a União Europeia não demonstrado a sua capacidade de encontrar respostas para a crise”, acrescentou o ministro de François Hollande.


Europa uma vez mais dividida na resposta à crise

São cada vez mais os parceiros europeus da Alemanha que pedem ações imediatas para apagar o incendio da crise da dívida, mas nas declarações de quinta-feira, Angela Merkel preferiu focar-se no longo prazo, apelando a uma Europa política reforçada e dando como exemplo uma eleição do Presidente da Comissão Europeia por sufrágio universal. 

« Precisamos de mais Europa (…) de uma união orçamental (…) e temos necessidade, antes de mais, de uma união política. Passo a passo devemos abandonar as competências à Europa” declarou a chanceler alemã, que disse também defender uma União a duas velocidades se alguns países se recusarem a seguir nesta direção. 

Eurobonds: Sim? Não? Quando?

Um dos principais pontos de discórdia entre Paris e Berlim continua a centrar-se na questão das obrigações de dívida europeias ou eurobonds. O ministro francês dos Assuntos Europeus disse que as negociações sobre a mutualização da dívida prosseguem, no sentido de elaborar “um roteiro, ou seja um plano, acompanhado de um calendário, que nos permita rer uma perspetiva clara”, na cimeira europeia que se realiza a 28-29 deste mês

“Hoje em dia, a discussão entre a França e a Alemanha já não é tanto sobre se deve haver obrigações europeias, mas sim qual o momento em que estas devem ser tornadas realidade”, explicou Cazenouve.

“Segundo a França, os eurobonds devem ser uma parte da solução para ultrapassar a crise, e podem também servir de catalisador a um processo de integração das instituições. Segundo a Alemanha, eles só podem vir a existir quando a crise já tiver sido ultrapassada no plano financeiro e orçamental e algumas etapas já tiverem sido cumpridas no plano institucional”, acrescentou. 

Alemanha diz que só empresta o seu "cartão de crédito" a troco de federalismo

Este mesmo problema tinha já sido resumido noutras palavras pelo próprio presidente francês na cimeira europeia informal de 23 de maio:

“A opinião alemã é de considerar as obrigações europeias como um ponto de chegada, isto num cenário otimista, enquanto que, para a nós, os eurobonds são um ponto de partida », disse então François Hollande. 

Já a posição de Berlim sobre os eurobonds foi resumida nas declarações recentes do presidente do Banco Central da Alemanha Jens Weidmann:

“Ninguém confia a outra pessoa o seu cartão de crédito se não tiver possibilidades de controlar as despesas que o outro fará. A mutualização da dívida é uma das faces de uma moeda que na outra face tem o federalismo”, disse o presidente do Bundesbank.


Extraído do sítio RTP

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