08 agosto 2012

OCEANOS NO LIMITE - CCS

A contaminação, a sobrepesca, a exploração do litoral e a mudança climática ameaçam a sobrevivência de centenas de espécies, de ecossistemas marinhos e do modo de vida de inúmeras famílias que deles dependem. Entre eles, nós, os humanos.

A riqueza e a diversidade dos mares, das costas e de suas fronteiras terrestres encerram sua própria fragilidade. O estreito vínculo entre esses sistemas converte qualquer ameaça em uma catástrofe para o ecossistema. Algas, micro-organismos, plantas, peixes, tartarugas marinhas, aves e cetáceos dependem do bem estar dos oceanos.

Apesar de sua importância vital, a vida marinha está desprotegida. Os recifes de coral e os prados submarinos sofrem uma taxa de degradação cinco vezes superior a dos bosques tropicais. No entanto, a área marinha protegida não atinge 0,1% de sua extensão frente aos 10% de proteção da superfície terrestre. Cifra insignificante, considerando-se que os oceanos cobrem 71% de nosso planeta.

A demanda de pescado aumentou em um ritmo mais rápido do que sua população. A resposta ao aumento da demanda tem sido capturar mais e mais. Nem revoluções tecnológicas, nem planos de sustentabilidade protegem e conservam esse ecossistema do qual todos dependemos.

O arrastão pesqueiro é a principal ameaça à biodiversidade marinha. Os grandes barcos de arraste coletam em profundidades de 2.000 metros; como consequência, produz-se uma destruição indiscriminada dos fundos marinhos. 98% das espécies que vivem nos oceanos dependem desses fundos. Dois terços de todas as espécies de coral encontram proteção nas águas profundas e frias. A pesca de arraste não somente destrói as espécies, como também leva enormes quantidades de pesca desnecessárias para o ser humano e vitais para o ambiente marinho.

A pesca intensiva ao redor de montanhas submarinas tem acabado com 90% dos corais no sul da Austrália. A fragilidade dos recifes une-se à sua lenta recuperação. Uma investigação realizada no Alasca assinalou que, após um ano, 55% dos corais atingidos por uma única passagem do arraste ainda não haviam se recuperado.

A pesca de fundo é feita em águas internacionais onde não existe nenhuma regulamentação. Sem proteção, as consequências são visíveis: o peixe relógio ou a merluza negra foram explorados até sua extinção comercial. A maioria das espécies de fundo comercializadas está sobre-explorada.

À sobrepesca soma-se a extração de gás e de petróleo na plataforma continental. A maioria das reservas marinhas de petróleo, gás e minerais encontram-se em águas pouco profundas. No entanto, a indústria começa a aventurar-se em grandes profundidades. Para isso, são realizadas explorações sísmicas de até 3.000 metros de profundidade. As consequências são devastadoras. As frágeis comunidades marinhas perecem ante a intrusão do homem.

A construção de edifícios, portos desportivos, espigões, ou a regeneração artificial de praias tem modificado o litoral. Alterações que repercutem na dinâmica marinha e deterioram o habitat de centenas de seres vivos. A ação do homem põe em risco e destrói os ecossistemas e a fauna.

Os esgotos urbanos, industriais e agrícolas; o excessivo consumo de água; a erosão das praias; a ocupação do litoral; o deterioro e a salinização dos aquíferos costeiros são outros dos problemas enfrentados pelos frágeis oceanos. Problemas promovidos pela inconsciência do ser humano e a despreocupação dos governos. Passam por alto que mais de 3 bilhões de pessoas dependem direta ou indiretamente dos recursos do mar.

Recuperar a saúde dos oceanos é essencial para salvaguardar nosso planeta. Respeitar as recomendações científicas; criar leis e protocolos de proteção dos mares e oceanos são medidas necessárias para sanar suas cicatrizes. Uma administração internacional dos oceanos e um controle eficaz das quotas de pesca somente serão possíveis com a firme vontade dos governos. Se, a isso, adicionarmos a consciência individual dos cidadãos, é viável criar um novo ritmo de consumo menos destrutivo e mais respeitoso com nossa fonte de vida.

* Tradução: ADITAL, por Irene Casado Sánchez.

Extraído do sítio Adital

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