18 agosto 2012

RAFAEL CORREA REAFIRMA ASILO DIPLOMÁTICO A JULIAN ASSANGE E RECHAÇA INTERVENÇÃO BRITÂNICA - Rogéria Araújo


O anúncio feito ontem (16) pelo presidente Rafael Correa de que o país equatoriano concederá asilo diplomático ao criador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, segue tendo desdobramentos. Enquanto toma forma uma mobilização latino-americana de apoio ao Equador, a União das Nações do Sul tem encontro marcado amanhã (18) para discutir o assunto, que foi agravado diante da possibilidade de o Governo Britânico, supostamente a mando dos Estados Unidos, interferir na Embaixada do Equador, em Londres, onde Assange está alojado desde o dia 19 de junho.

Em entrevista concedida à rádio, na página oficial do governo equatoriano, Rafael Correa explicou mais uma vez o porquê da decisão do Equador ter concedido o asilo diplomático, após quase dois meses de analisar o pedido feito pelo criado do WikiLeaks. "Fica claro que o senhor Assange nunca se negou a prestar depoimentos sobre os supostos delitos dos quais é acusado. Portanto, um investigador da Suécia poderia vir. Mas isso não é o problema. Não há garantia de que o senhor Assange fosse extraditado a um terceiro país, com isso a vida e a liberdade dele estariam em risco. Por isso o Equador fundamentalmente outorgou o asilo diplomático”, afirmou o presidente equatoriano.

Ainda na página oficial do governo, a justificava é de que é política do país "proteger aqueles que estão sem defesa” e em outro comunicado, o governo rechaçou qualquer tipo de intervenção do Reino Unido quanto ao asilo político dado a Assange que, há dois anos, se encontrava em prisão domiciliar numa mansão na Inglaterra.

Logo depois do anúncio feito pelo Governo do Equador, o chanceler Ricardo Patiño concedeu entrevista coletiva onde afirmou ter recebido um documento do Reino Unido onde o país latino-americano era ameaçado por uma possível incursão na Embaixada Equatoriana, para impedir a saída de Julian Assange e, se fosse o caso, efetuar sua prisão.

O presidente explicou também sobre as formas jurídicas e diplomáticas que estão sendo aplicadas ao caso e, daí, o impasse. Em países latino-americanos, as Embaixadas são protegidas por normas acordadas pelas próprias nações. Mas na Europa e, no caso do Reino Unido, há um dispositivo interno que pode negar o salvo-conduto que permite a Julian sair do país, o que o governo latino-americano considera um atentando à soberania.

"Com todo respeito, o sistema de justiça da Suécia, ao menos nesse caso, seria inaceitável em qualquer país latino-americano. A extradição para um delito comum? Eles pedem extradição para investigar, basicamente não há uma acusação formal, somente para investigar. Insisto, a decisão não se deu para tentar interromper uma investigação”, afirmou.

Hoje, a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) se manifestou afirmando que as ameaças feitas pelo Reino Unido da Grã-Bretanha, caso sejam colocadas em práticas, violariam a Convenção de Viena sobre Privilégios e Imunidades.

"Os governos da Alba, ao manifestarmos nossa indefectível solidariedade com a República do Equador, advertimos ao governo do Reino Unido sobre as graves consequências que a execução de suas ameaças teriam para as relações com nossos países”, afirmou o comunicado da Aliança.

Julian Assange é um dos mentores do WikiLeaks, cabo responsável pelo vazamento de informações comprometedoras e secretas de grandes governos como o dos Estados Unidos. Vem sendo acusado por supostos delitos sexuais e desde então estava preso em situação domiciliar na Inglaterra. Há pouco mais de dois meses, solicitou asilo ao Equador que ontem concedeu o pedido contrariando o Reino Unido que, em 2000, concedeu asilo ao ditador chileno Augusto Pinochet.

Extraído do sítio Adital

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